sábado, 25 de junho de 2011

António Marques - filmes, 2

Concluimos agora o post sobre os filmes de António Marques, iniciado há uma semana.




2. APRESENTAÇÃO E MOSTRAS

Os filmes que o Marques realizou foram projectados em colectividades, casas da cultura, salas de teatro (Comuna, p. ex.), acções políticas, encontros de cultura popular, festas de empresas; foram efectuadas mostras específicas em muitos locais, dos quais temos documentação de Algueirão-Mem Martins, Penedo - Colares, Porto (Clube Português de Cinema), Lisboa (Comuna – Teatro de Pesquisa), Óbidos, Caldas da Rainha (Casa da Cultura).
Imagens: ordem descendente: 1 e 2 - Sessão de apresentação de filmes - Óbidos, Mar.1977 + 3 - Programa das comemorações do 25 de Abril em Algueirão-Mem Martins, 1978 + 4 - Programa de sessão de apresentação de filmes na Casa da Cultura das Caldas da Rainha + 5 - Folha de divulgação de sessão de apresentação de filmes.



3. FESTIVAIS

Alguns dos seus filmes foram apresentados em festivais de cinema amador (ou não profissional, como depois se veio a designar):

• IX FICAG-Festival Internacional de Cinema de Amadores - Guimarães, 1978. Filme “Festa na Aldeia do Penedo”

• X FICAG-Festival Internacional de Cinema de Amadores - Guimarães, 1979. Filme “Carta a Minha Mãe”

• Concurso anual da FPCA-Federação Portuguesa de Cinema e Audiovisuais - Cine Clube no Porto, 1979. Filme “Dia a Dia a Libertação” (galardoado)

• XI FICAG-Festival Internacional de Cinema de Amadores - Guimarães, Out.1980. Filme “A Bem do Povo”
Imagens: excertos do programa do XI FICAG - Guimarães, Out.1980





• III Encontro Internacional de Cinema Não Profissional - Braga, Dez.1980. Filme “A Bem do Povo”
Imagens: excerto do programa do III Encontro de Cinema Não Profissional - Braga, Dez.1980



• Encontro Nacional do Cinema Não-Profissional – Moscavide, Dez.1981. Filme “A Bem do Povo”
Imagens (ordem descendente): 1 a 5 - Excertos do programa do Encontro Nacional de Cinerma Não-Profissional, Moscavide, Dez.1981 + 6 e 7 - Autocolante e cartaz do Encontro Nacional de Cinema Não-Profissional, Moscavide, Dez.1981





4. ARGUMENTOS

Foram ainda elaborados guiões/argumentos e esboços de projectos de trabalhos conjuntos, nomeadamente com Câmara de Sintra sobre arqueologia e turismo (recordo-me que em alguns desses projectos estava envolvido António Gonzalez - arqueólogo, fundador do PEV, activista do movimento ecologista). Os argumentos e guiões concluídos são:

O FOGO, 1977
Imagens (ordem descendente): 1 e 2 - Reconhecimento de locais para filmagem de "O Fogo" - Óbidos, 1977 + 3 - Excerto do argumento de "O Fogo", 1977

SONHO LINDO, 1980
Imagens: 1 - Excerto do guião de "Sonho Lindo", 1980
A banda sonora deste filme assentaria na canção de José Mário Branco “Eu vim de longe, Eu vou/fui p’ra longe (chulinha)”, do álbum “Ser Solidário”.

A ÚLTIMA MOEDA, 1984
Imagem: Excerto doiguião de "A Última Moeda", 1984



5. PROGRAMAÇÃO E DIVULGAÇÃO

Salienta-se também o papel de A. Marques como “divulgador do cinema”, como projeccionista / dinamizador cultural, com dezenas de projecções em colectividades de recreio e cultura, empresas, sessões públicas, etc., muitas vezes acompanhadas de debates.

Os filmes projectados eram de Charles Chaplin, Eisenstein, clássicos (ciclos de cinema) ou mesmo simples “filmes de divertimento”, como os passados semanalmente na década de 60 na colectividade RDA-Recreios Desportivos do Algueirão, da qual foi dirigente (recordo-me que foi aí que vi os primeiros filmes da minha vida, talvez até antes de ir ao Cine-teatro Chaby pela primeira vez – lembro-me de filmes italianos com o Gianni Morandi [Non son degno di te, p. ex.] e também de filmes do Cantinflas); nos RDA foi também encenador de algumas peças de teatro.
Imagens (ordem descendente): 1 - Folha de apoio a mostras de filmes de Charles Chaplin/Charlot + 2 - Folha de divulgação e apoio à apresentação de filmes de Charles Chaplin/Charlot na MESSA, Mar.1978 + 3 - Cartaz do "Festa da Cultura", do Centro de Cultura de Sintra, Jul.1981 + 4 - Cartaz do "Encontro de CulturaPopular de Algueirão-Mem Martins, organozado pelo GTMM, Fev.1976







6. APONTAMENTOS BIOGRÁFICOS


Casa onde nasceu, Pinhal, Óbidos, 1977. O "mini" era do Vítor Silva



A participação cívica do Marques foi intensa, recordando-me pelos menos da sua participação nas seguintes entidades:


• Recreios Desportivos do Algueirão – director, encenador, projeccionista/animador
• Direcção do Grupo de Teatro de Mem Martins, Cooperativa Cultural – direcção, programação, equipa de cinema
• Comissões de Moradores de Algueirão
• Boletim “A Gazeta de Algueirão-Mem Martins”
• Jornal “Sal da Terra” – publicação licenciada, nunca foi editada


Esboço do cabeçalho de "O Sal da Terra" (Registo 105220. Director n.º 205219), 1977


• Organizações marxistas-leninistas anteriores ao 25 de Abril (não consegui identificar essas organizações)
• CDE Comissão Democrática Eleitoral
• “VAF 28 de Setembro” (comités de vigilância anti-fascista criados em 1974)
• GDUP Grupos Dinamizadores de Unidade Popular
• PCP(R) Partido Comunista Português (Reconstruído)
• UDP União Democrática e Popular – o Marques viria a ser sepultado sob a bandeira deste partido político, tendo participado no funeral o então dirigente máximo da UDP Mário Tomé



Em 1976 o Marques cria na Cooperativa Cultural Grupo de Teatro de Mem Martins, de que foi fundador, o grupo de cinema “Germinal Equipa de Cinema Amador”.


Todo o seu material de cinema é disponibilizado a esta equipa, suportando a esmagadora maioria dos encargos (filme, p. ex.), quer com os filmes realizados, quer com toda a restante actividade de dinamização do cinema levada a cabo por esse grupo sob sua direcção.


Imagens (ordem descendente): Papel timbrado e autocolante da "Germinal"; a autoria do autocolante é de Henrique Nunes

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Festival Silêncio, 2

Mais algumas fotografias do espectáculo, integrado no Festival Silêncio, de José Mário Branco e Camané no cinema S. Jorge no passado dia 15 de Junho:



Como referido em post anterior, boas fotos podem ser encontradas em http://www.flickr.com/photos/ponto-alternativo/sets/72157626850719075/show/.

domingo, 19 de junho de 2011

António Marques - filmes, 1





No final dos anos 80 procuramos organizar uma homenagem (singela) ao Marques, que nos havia deixado em 1986; a ideia era fazer uma projecção de 6 dos seus filmes – o local seria a sede dos Sindicatos em Mem Martins –, acompanhados da distribuição de uma pequena brochura que reunisse algumas notas sobre os seus trabalhos cinematográficos. Ainda fizemos uma ou duas reuniões, com o Joaquim Vieira, o Carlos Peralta e o Vítor Silva, mas não se passou daí.
Passaram entretanto mais de 20 anos, perdemos todos os contactos uns dos outros, mas nunca deixamos de pensar no Marques e na oportunidade de lembrar a sua memória. O texto que segue foi escrito nessa altura.




Não é fácil recordar um companheiro desaparecido resistindo ao lugar-comum: exaltar as suas motivações, as qualidades ou os defeitos, perdoar ou acusar, tirar conclusões sobre uma vida.
Procura-se aqui evocar um amigo, revendo parte da nossa caminhada comum, da qual são património os trabalhos que nos deixou.
Os filmes de António Marques reflectem a maneira de estar na vida de um homem solidário, lutador e inconformista; são frutos de um olhar profundo sobre os problemas das camadas mais oprimidas e humildes da comunidade, pretendendo fazer a sua denúncia e, por vezes, apontando rumos sobre os quais não faz sentido discutir da sua correcção (muito menos hoje). São também a visão de um homem que procurou encontrar-se consigo próprio e com os outros, e que não teve tempo de levar mais adiante a consolidação de um trabalho.
Contra muitas circunstâncias adversas, enfrentando muitas incompreensões, nunca baixou os braços, ao contrário conseguindo transmitir aos que o rodearam o ânimo e a força indispensáveis à concretização de alguns projectos.
Abril.2011





1. FILMOGRAFIA




FLORES E SOSSEGO1970/1973, montado em 1975
P&B, 60 minutos
Documentário sobre o processo de adaptação da vila de Óbidos à indústria de exploração turística e subsequente abandono da tradicional actividade produtiva e afastamento dos antigos habitantes.

1º. DE MAIO NA VILA
1974, P&B, 22 minutos
Reportagem crítica do 1.º de Maio de 1974.
Rodado em 1 de Maio de 1974 na Vila de Sintra. Projectado sem montagem em sessões políticas logo em 1974.

VÍTIMAS DO CAPITALISMO - CASAS SIM BARRACAS NÃO1974, P&B, 24 minutos, sem som
Documentário sobre um bairro de lata do concelho de Sintra.

ATÉ QUE UM DIA O POVO1976, P&B, película reversível, 56 minutos, sem som
Documentário sobre os problemas da população residente e trabalhadora no concelho de Sintra.
Foi realizado para servir de suporte à campanha eleitoral dos GDUP para as eleições autárquicas de 1976.


Imagens (ordem descendente): 1 e 2 - Filmagens de "Até que um dia o povo" - pedreira da Barrosa, Nov.1976 + 3 e 4 - Notas para montagem e legendagem 1976 + 5 e 6 - Notas para guião, 1976


A DANÇA DA VIDA1976, P&B, 12 minutos
Documentário de apresentação dos trabalhos de um escultor popular de Óbidos - Albino d’Óbidos -, subordinados ao tema da exploração do homem pelo homem.

Imagens (ordem descendente): 1 - Capa da publicação "Quem é Albino d'Óbidos" + 2 e 3 - Excerto da mesma publicação + 4 - Capa da publicação de Albino d'Óbidos "Os nossos poemas hão-de voltar"



POR CADA CAMARADA MORTO MIL SE LEVANTARÃO1976, P&B e Cor, 12 minutos
Reportagem sobre o funeral do Padre Max e de Maria de Lurdes, vítimas de um atentado bombista em Vila Real (Abril de 1976).
O filme apresenta também no seu final uma montagem de fotografias alusivas, perfazendo assim a duração total de 20 minutos.
Imagens (ordem descendente): 1 - Cartaz da UDP sobre o homicídio do Padre Max+ 2 -Autocolante, idem



FESTA NA ALDEIA DO PENEDO1978, P&B, 30 minutos
Documentário de cariz etnográfico focando as festas do Espírito Santo na aldeia do Penedo (Colares, Serra de Sintra) ocorridas em 1978. Foi remontado em 1980 com novas imagens colhidas nas festas desse ano.
Estreado em Outubro de 1978 na colectividade Sociedade Euterpe União Penedense (Penedo, Colares).
Filme concorrente ao FICA-Festival Internacional de Cinema de Amadores de Guimarães de 1978. A Câmara Municipal de Sintra adquiriu também duas cópias deste filme para o seu arquivo municipal (das quais se desconhece actualmente o seu paradeiro).
A realização deste filme levou à realização de uma pesquisa sobre as festas do Espírito Santo, que viria a ser publicada no “Jornal de Sintra” em Jul.1981. O filme seria estreado em Outubro de 1978 na colectividade Sociedade/Tuna União Euterpe Penedense.


Imagens (ordem descendente): 1 e 2 - Filmagens de "Festa na aldeia do Penedo", Jun.1980 + 3 - Folha de apresentação e apoio ao filme "Festa na aldeia do Penedo"


DIA A DIA A LIBERTAÇÃORodado em 1978 e montado em 1979, P&B e Cor, 30 minutos
Reportagem efectuada em Março de 1978 no Sahara Ocidental, por ocasião das comemorações do 2.º aniversário da sua independência, decretada pela Frente Polisário. Foi realizado na sequência de um convite feito pelo Comité Português de Apoio à Frente Polisário.
Participou no concurso da Federação Portuguesa de Cinema e Audiovisuais no Cine Clube no Porto (1979), sendo galardoado com um dos três prémios individuais atribuídos.
Imagens (ordem descendente): 1 - Fotograma do filme "Dia a dia a libertação" + 2 - Autocolante do Comité de Apoio à Frente Polisário
CARTA A MINHA MÃE1979, P&B, 20 minutos
Ficção documental sobre a migração para os grandes centros urbanos e o alojamento nos bairros de lata.
Parte do material foi rodado em 1974 e projectado sem som com o título “Vítimas do Capitalismo – Casas Sim Barracas Não”. Participou no FICA-Festival Internacional de Cinema de Amadores de Guimarães de 1979.
Imagens (ordem descendente): 1, 2 e 3 - Filmagens de "Carta a minha mãe", estação CP de Sabugo, 1979 + 4 - Plano para filmagens de "Carta a minha mãe", 1979




A ROMARIA DOS CAMPONESES1976/198(?), Cor, 14 minutos
Trabalho de ficção etnográfica realizado sobre romaria da região de Óbidos (romaria de Santo Antão).
Parte das imagens foram colhidas em 1976. Participou em festival em Santarém.

PRIMEIRO DE MAIO A PRETO E BRANCO1977(?), P&B, 22 minutos
Remontagem do filme “Primeiro de Maio na Vila”.

ERAM A LUZ1979(?), Cor, 10 minutos
Remontagem do filme “Por Cada Camarada Morto Mil se Levantarão”.

O HOMEM PAGÃO E RELIGIOSO
1980, P&B, 23 minutos
Remontagem do filme “Festa na Aldeia do Penedo”, acrescida de novas imagens recolhidas nas festividades de 1980.

A BEM DO POVO
1980, P&B, 17 minutos
Remontagem do filme “Flores e Sossego”.
Participou no FICA-Festival Internacional de Cinema de Amadores de Guimarães de 1980.
A música da banda sonora do filme é a canção “Liberdade” de Sérgio Godinho (“…A Paz, o Pão, Habitação, Saúde, Educação…”), do disco “À Queima-Roupa”.


VISITA DO PARTIDO DO TRABALHO DA ALBÂNIA/COMÍCIO DO PCP(R)
1977/1979, Cor, (?)
Reportagem da visita a Portugal de uma delegação do Partido do Trabalho da Albânia em 1977, oferecido pelo autor ao PCP(R).

Imagens (ordem descendente): 1 - Emblema da Albânia oferta dos elementos do PTA aos membros da equipa de cinema + 2 - Filmagens de "Visita do PTA", túmulo de Militão Ribeiro, Marinha Grande, Abr.1977 + 3 - Autocolante do II Congresso do PCP(R) + 5 - Cartaz, idem




POLUIÇÃO NO ALVIELA1977/198(?), P&B, (?)
Documentário sobre a poluição no rio Alviela junto à povoação de Pernes e a luta dos seus habitantes.
O filme serviu de suporte a campanhas de sensibilização, nomeadamente organizadas pela CLAPA-Comissão de Luta do Povo do Alviela.
Como curiosidade, refira-se o facto das últimas filmagens terem ocorrido em sessão da CLAPA na qual participou Zeca Afonso (foto seguinte).
Imagens (ordem descendente): 1 - Filmagens de "Poluição no rio Alviela", II Encontro Regional dos Povos do Alviela, Pernes, Nov.1977 + 2 e 3 - Autocolantes da CLAPA-Comissão de Luta Anti-Alviela + 4 - Página da revista "A Urtiga" n.º 6, Jan/Fev.1979



Regista-se ainda a existência de material rodado em 16mm (essencialmente reportagens) que nunca foi montado, designadamente:

- Saída dos presos políticos da prisão de Caxias, Abril de 1974, P&B
- 1.º de Maio de 1975 e de 1976, Cor
- Dia do Campo em Lisboa, 1976, Cor (iniciativa política)
- Excursão a Serpa, 1976, Cor (igualmente uma iniciativa política).
Imagens: Fotografias da viagem para a Herdade da Lobata, Dez. 1976.


Existe ainda bastante material filmado no formato Super 8, formato utilizado pelo Marques antes de adquirir equipamento (caríssimo) de 16mm.




(Continua)