Já no rescaldo da revolução do 25 de Abril e do PREC, em 1976/77 surge a FAPIR - Frente dos Artistas Populares e Intelectuais Revolucionários, com sede ("provisória") na Casa da Comuna, na Praça de Espanha. Esta plataforma, como agora se dirá, datava já do final de 1975, com a designação PRÓ-FAPIR (CORREIA, Mário - Música Popular Portuguesa-Um Ponto de Partida. Coimbra: CentelhaMundo da Canção, 1984 - ver digitalização no final).
Tanto quanto me recordo - socorro-me essencialmente da minha (fraca) memória pessoal de algumas reuniões em representação do GTMM-Grupo de Teatro de Mem Martins Cooperativa Cultural no casarão cor-de-rosa, já que a biliografia é muito escassa -, ela agrupou muitos dos designados "cantores de intervenção" (p. ex. Sérgio Godinho, Fausto, Pedro Barroso, Carlos Guerreiro, GAC, José Mário Branco - como de costume o grande impulsionador da organização dos "artistas de variedades", como mais tarde veio a teorizar na UPAV-União Portuguesa de Artistas de Variedades CRL*), escritores, autores e poetas (p. ex. Eduardo Paes Mamede, Hélia Correia, José Fanha), actores e encenadores (p. ex. Augusto Boal, João Mota, Manuela de Freitas, Tété, Helder Costa), grupos de teatro (O Bando, A Comuna, claro, mas também muitos outros grupos amadores, como o nosso GTMM).
* - Organização de artistas formada em 1983. O grupo fundador incluía nomes como José Mário Branco, Carlos do Carmo, Rodrigo, Dina e Alexandra. A eles juntaram-se Maria Guinot, Jorge Lomba, Brigada Victor Jara, Manuel Tentúgal (Vai de Roda), José David (do grupo Almanaque), os actores Mário Viegas e Manuela de Freitas, entre outros. Começaram por organizar espectáculos
dos sócios. Em 1991 estreou-se na edição com o lançamento de discos de J.M. Branco, Dina, Rodrigo, Maria Guinot, Jorge Lomba, Vai de Roda e de Mário Viegas e Manuela de Freitas.
A primeira grande acção de lançamento da FAPIR ocorreu no Porto, em 27 de Fevereiro de 1977, no Pavilhão do Académico, onde participaram entre outros, o GAC, grupos corais e de dança populares, o saudoso Mário Viegas, grupos de teatro amador, A Comuna, José Mário Branco; esta acção visava igualmente promover o "Festival Popular do 25 de Abril", que viria a decorrer de 23 a 25 de Abril - publicaremos oportunamente alguns materiais de promoção deste festival.
As posições político-partidárias ainda se encontravam muito extremadas na época (só nessa época?), pelo que a FAPIR viria a ter uma vida muita efémera, terminando em 1978; de acordo com Mário Correia no livro acima referenciado, a sua grande última "acção de massas" seria o Carnaval, ocorrido de 4 a 7 de Fevereiro de 1978 na Faculdade de Letras, que contou com a participação de José Fanha, Tino Flores, Aníbal, José Mário Branco, GAC, Mário Viegas, Shila, A Comuna, O Bando, etc.
Na Internet as referências são muito escassas, mas podem encontrar-se alguns materiais nos sites de:
- Biblioteca Nacional de Portugal
- Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
- Universidade de Aveiro
- Centro de Documentação 25 de Abril
- Biblioteca da Fundação de Serralvez
Publicamos alguns excertos dos boletins da FAPIR n.º 2 (Fev.1987) e 3 (Mar.1977); o n.º 1 terá sido lançado em Jan.1977 e o 7 (o último) em Jun/Jul.1978.
A perspectiva de Mário Correia (CORREIA, Mário - Música Popular Portuguesa-Um Ponto de Partida. Coimbra: CentelhaMundo da Canção, 1984):