sábado, 29 de novembro de 2014

Tom Jobim em Sintra

É verdade, Tom Jobim atuou mesmo em Sintra!

É uma história tão pouco conhecida que só com uma pesquisa aturada na Internet se conseguem encontrar as "provas" - apenas conseguimos descobrir fotografias no site da Fundação Mário Soares, Presidente da República na altura e presente no espetáculo de que falamos:
Foi então há 21 anos, na noite do dia 9 Junho de 1993, no rinque do Parque da Liberdade e no âmbito das comemorações do Dia de Portugal.

Nesse ano de 1993 as comemorações do Dia de Portugal foram, pela primeira e única vez, realizadas em Sintra; anteriormente essas celebrações tinham ocorrido nos seguintes locais :


O programa das comemorações em Sintra foi então assim:

Registe-se que o espetáculo da noite de 9 de Junho não foi realizado nas escadarias do Palácio da Vila, mas sim no Parque da Liberdade.

A imprensa local noticiou abundantemente o evento (dos jornais da altura apenas se mantém hoje o "Jornal de Sintra"):

Duas memórias pessoais do espetáculo: a minha filha, com 8 anitos, a beijar Mário Soares, e a "saloiada turba", no sentido literalmente mais pejorativo do termo, a vaiar Tom Jobim.

Certamente que a memória que o "maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira" (segundo a revista Rolling Stone) levou das gentes da altura do nosso "glorioso éden" não foi muito diferente da de Lord Byron cerca de 180 anos antes. Tom Jobim viria a falecer no ano seguinte.

domingo, 23 de novembro de 2014

Cascatas de Fervença ou da Bajouca

No concelho de Sintra existem algumas quedas de água, sendo as mais conhecidas as de Mourão, Anços.

Pouco conhecida é a cascata da Fervença, ou da Bajouca, perto de Lameiras, um interessante fenómeno geológico - é aqui o ponto de drenagem do grande lago pré-histórico que foi a planície da Granja do Marquês.

No site da União das Freguesias de S. João das Lampas e Terrugem encontramos uma descrição das cascatas:

Cascatas de Fervença

Quem se deslocar de Sintra para Montelavar ou Pêro Pinheiro, utilizando estrada nacional 9 (EN9), um pouco adiante do cruzamento de Campo Raso, no final duma longa recta encontra uma rotunda, onde sai a via para Vila Verde. Esse local chama-se Fervença.
Uns escassos metros,passando a mesma. deparamos uma ponte sobre o curso de água que drena os pântanos que antigamente existiam na Quinta da Granja, chamada do Marquês por ter sido propriedade do 1º Marquês de Pombal, onde hoje é a Base Aérea nº1.
Este regato apesar de ter reduzido caudal no verão é perene, no inverno a corrente toma volume razoável.Deslizando sob a ponte o ribeiro precipita-se encosta abaixo na direcção da Ribeira da Cabrela, o solo do seu leito é pedregoso assim, as águas formam pequenas ondas brancas, transformam-se em cachoeira, quando o declive se acentua.
Segundo o dicionário Houaiss da língua Portuguesa, o prefixo "ferv" pode significar: borbulhar, estar agitado... Na língua galega fervença designa rápido de rio ou ribeiro. Em português, ainda de acordo com o citado dicionário, fervença quer dizer grande agitação.
Assim, consequência deste ribeiro ser de águas agitadas cuja cachoeira é testemunho, originou que ao sítio se atribuisse o nome FERVENÇA. Um topónimo singular. A "leitura" da paisagem continua uma fonte de conhecimento.

http://youtu.be/mVNJnsg6BUc

domingo, 16 de novembro de 2014

As "Buracas" de Armês

Em Armês, pequena povoação junto a Lameiras, Terrugem, existem umas curiosas construções em pedra que se designam por "buracas".

Algumas fotografias:

A revista digital de história, arte e património "Tritão" descreve e enquadra as "buracas" - http://revistatritao.cm-sintra.pt/index.php/patrimonio/buracas-armes-terrugem:
 
Segundo os testemunhos arqueológicos – especialmente epigráficos e arquitectónicos – poder-se-á recuar o início da exploração de mármores, nas terras sintrenses, à época de Augusto.

Na verdade, terá sido durante o seu imperialato que o ager a oeste da velha Olisipo, entretanto elevada à condição de municipium civium romanorum, conheceu inusitada prosperidade, assente na indústria de extracção e transformação da pedra. Esta, a par de uma economia basicamente agrária, acabou por se tornar, sobretudo durante os séculos I e II da Era, numa das mais significativas actividades económicas deste território, porque, tal como o afirmou Cardim Ribeiro, os habitantes desta zona não deixaram «de explorar, em grande escala, as ricas pedreiras de mármore localizadas perto das actuais povoações de Lameiras e de Armés – além de outras menos importantes e distribuídas pelos arredores –, facto que sem dúvida alguma contribuiu, de forma absoluto decisiva, para o acentuado desenvolvimento da região».

Para além da mera extracção da pedra as evidências arqueológicas indiciam a existência de muitas outras actividades complementares, tais como oficinas de desbaste e afeiçoamento de mármores, quer se destinassem à arquitectura, à epigrafia ou à escultura.

Será, pois, neste contexto que se poderá entender a personagem de Lucius Iulius Maelo Caudicus, flamen do divino Augusto que, por volta de 20 d.C. erigiu em Armés, para usufruto comum, marmórea fonte. Este sacerdote do culto imperial, um indígena que ascendeu económica e socialmente na magistratura municipal, seria também detentor de uma pedreira e de oficinas de desbaste, conforme vestígios que se detectaram na villa da Granja dos Serrões, cuja propriedade lhe poderá ser assacada através de inscrição votiva, por ele dedicada a Júpiter.

Depois de Adriano, notou-se um decréscimo na produção e transformação dos mármores sintrenses e, as vicissitudes de uma História conturbada conduziram ao em quase desaparecimento desta actividade económica. Na verdade, poder-se-á constatar este fenómeno, ao apreender que o labor visigótico se limitou ao reaproveitamento de antigos monólitos romanos e que, já em plena medievalidade portuguesa, as grandes obras românicas e, depois, góticas, da vila cortesã e seus arredores, se ergueram à custa dos granitos da Serra de Sintra, enquanto que o renascimento preferiu os vidraços da Várzea e os calcários de fino talhe.

Foi, portanto, longo o esquecimento que os mármores sintrenses conheceram e, não fora a construção do magnânimo convento de Mafra (1717-1744), aquela actividade teria perecido nas entranhas da terra e do tempo. Todo este fervilhar de vida e suor em torno das pedreiras e oficinas do termo sintrão foi, aliás, magistralmente descrita por José Saramago, no seu Memorial do Convento:
«Vai ser uma longa jornada. Daqui a Mafra, mesmo tendo el-rei mandado consertar as calçadas, o caminho é custoso, sempre a subir e a descer, ora ladeando os vales, ora empinando-se para as alturas, ora mergulhando a fundo, quem faz as contas aos quatrocentos bois e aos seiscentos homens, se as errou, foi na falta, não que estejam de sobra. Os moradores de Pêro Pinheiro desceram à estrada para admirar o aparato, nunca se viu tanta junta de bois desde que começou a obra, nunca tão alto se ouviu vozear, e há quem comece a ter saudades de ver partir aquela tão formosa pedra, criada aqui nesta nossa terra de Pêro Pinheiro, oxalá não se parta pelo caminho, para isso não valia a pena ter nascido».

De facto, a promessa de João V – de que sobejou imensa coluna caída na berma da estrada de Pêro Pinheiro – restaurou uma actividade ancestral e resgatou ao esquecimento um modo de vida que, séculos antes, ditara grande parte da riqueza do ager. Reiniciada a exploração dos mármores, no evo setecentista, aquela actividade foi prosperando, até porque, concluído o régio devaneio, houve necessidade de se proceder à reconstrução de Lisboa, grandemente arriada pelo terramoto de 1755, conforme nos esclarecem, entre outros documentos, as Memórias Paroquiais alusivas à freguesia da Terrugem: «duas pedreiras que nella há, huma no lugar das Lameiras; e outra no lugar de Fervença; das quais se corta e tira pedra para as obras Reaes, e para a Patriarchal».

Para além de toda esta frenética actividade, a indústria da pedra foi-se diversificando, sendo, por isso, também frequente encontrar-se nas casas saloias óculos de iluminação, cantarias, poiais, salgadeiras, almofarizes, pesos de lagar e mós esculpidas em mármore, quase todas talhadas manualmente, e datando de uma altura em que o trabalho «era executado em pequenos cubículos intencionalmente separados uns dos outros, de molde a que os “operários” não perdessem tempo em conversas, nem tivessem oportunidade de se aglomerarem… Exemplo significativo do ambiente laboral na incipiente sociedade industrial portuguesa de oitocentos…», como o bem exemplifica uma oficina daquela época que persiste parcialmente intacta à entrada do lugar de Armés, cuja estrutura primitiva lhe valeu o cognome de “Buracas”.

A Revolução Industrial teve como consequência o agudizar as características próprias destas gentes, face às demais populações saloias, bem como permitiu que os antigos métodos de exploração arcaica fossem, pouco a pouco, substituídos por uma série de engenhos mecânicos que facilitaram os trabalhos de extracção e transformação das rochas ornamentais.

Mas foi, apenas depois de 1940, que a mecanização maciça da indústria permitiu que se atingissem índices de exploração inusitados, bem como a exportação de pedra em grande escala. A súmula destes factores potenciou a criação de uma verdadeira classe operária que, apesar de tudo, ainda se arrastavam “Gargantada” acima, até às pedreiras e oficinas, onde trabalhavam duramente em troca de baixos salários as gentes da Cabrela, facto que conduziu, no dia 19 de Maio de 1965 – data singelamente recordada em placa toponímica numa das ruas de Cabrela –, à revolta dos operários prontamente silenciada, aliás, pela guarda que cercou também as aldeias de Montelavar e Pêro Pinheiro.

domingo, 19 de outubro de 2014

Michel Vaillant em Sintra

Nos anos 70 uma das BD de referência era o Michel Vaillant, que havia passado por Sintra por ocasião do 3.º Rallye TAP (1969).

A banda "Rali em Portugal" foi reeditada pelo "Público" de 11 de junho deste 2014.

Algumas imagens emblemáticas:
 


 


sábado, 27 de setembro de 2014

Área de Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro dos Arcos

As lagoas de Bertiandos e S. Pedro dos Arcos, situadas no concelho de Ponte de Lima, são classificadas desde 2000 como Área de Paisagem Protegida

Algumas fotos da lagoa de S. Pedro dos Arcos:
 

O site oficial possui informações muito eficientes sobre as lagoas e a logística para uma visita aprofundada: