quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Revista "Clube 21", 1968 (?)

Em post anterior abordamos um interessante artigo sobre o Movimento Hippie, publicado numa  revista designada Clube 21.

Apenas tivemos aceso a um número dessa revista, o seu n.º 4, "número duplo". Na capa constam exatamente essas indicações e os meses "Fev.-Mar.", mas não o ano; presumimos que seja de 1968, dado todos os discos que constam no seu "Top-Ten" (pág. 54) datarem de 1967, pelo que julgamos que a revista será dos primeiros meses do ano subsequente.

O Clube 21 era propriedade das "d. gerais da jec/jecf", sendo também feita a referência "com licença da autoridade eclesiástica"; JEC era a sigla da "Juventude Estudantil Católica" e JECF "Juventude Estudantil Católica Feminina" (nada de misturas na altura...).

Os autores deste número da revista - "este número foi feito por" -, são identificados na sua página 2: Teresa Barata Salgueiro diretora), Maria Teresa Vieira Pereira, Eduardo Cruz, António M. Alfacinha, Luís Bissau, Eugénio Castro Caldas, José Antunes Ribeiro, Assunção Cordovil, José Félix Ribeiro, José Manuel Cabral, Luís Soes Ferreira, António Massano, Pedro Brandão, José Carlos Megre, Catarina Lobo, Isabel Picoito, Joaquim Amorim, João Malen, Rui Louro, Maria José S. Matos, Eduarda Araújo Ferreira, Pedro Sá. Alguns destes nomes que viriam a ser marcantes na sociedade portuguesa.

As temáticas e o grafismo da revista Clube 21 são vincadamente "anos 60", constituindo um exemplo muito interessante dessa época. Publicamos algumas páginas deste n.º 4 da revista:

Ainda os Hippies

Ainda sobre os hippies, encontramos um interessante artigo publicado numa revista sem data, mas que presumimos seja de 1968 - Clube 21 (falaremos dela noutro post).

O artigo é muito claro e elucidativo e as suas ilustrações e grafismo são paradigmas da "estética hippie":







Clube 21, n.º 4, Fev.-Mar.(1968?)

domingo, 18 de janeiro de 2015

O Movimento Hippie

Nas décadas de 60 e 70 do século passado desenvolveu-se nos países ocidentais um movimento cultural (ou contracultural, "alternativo") com assinalável expressão - o movimento "Hippie".

Este movimento descende de outros "alternativos" com menor expressão, particularmente, nos americanos dos anos 50, dos "Beatniks" - quem se lembra da banda nacional dos anos 70 com este nome, cuja vocalista era Lena de Água).

O termo derivou da palavra em inglês hipster, que designava as pessoas nos Estados Unidos que se envolviam com a cultura negra, como Harry The Hipster Gibson. Em 6 de setembro de 1965, o termo hippie foi utilizado pela primeira vez: foi em um artigo do jornalista Michael Smith, em um jornal de São Francisco. A eclosão do movimento foi antecedida pela chamada Geração Beat, os beatniks, uma leva de escritores e artistas que assumiram os comportamentos que viriam a ser copiados posteriormente pelos hippies[2] . Com a palavra "beat", John Lennon, transformado em um dos principais porta-vozes pop do movimento hippie, criou o nome da sua banda - The Beatles. Tanto o termo beatnik como o termo hippie assumiram sentido pejorativo para a grande massa norte-americana.

          http://pt.wikipedia.org/wiki/Hippie

O movimento Hippie teve particular relevo nos países ocidentais mais desenvolvidos, nomeadamente em Inglaterra e nos EUA - S. Francisco foi a sua Meca.

Em Portugal o movimento chegou no início dos anos 70 e não teve grande expressão, muito pelo facto do país viver ainda numa feroz ditadura, onde imperava o cinzentismo (e a repressão) da "situação"; e os Hippies eram "subversivos". Vejamos alguns dos seus principais valores:

  • Pacifismo - “Make love, Not war/Faça o amor, não a guerra” (nos EUA foram grandes protagonistas na luta contra a Guerra do Vietname)
  • Anti-consumismo
  • Anti-capitalismo
  • Internacionalismo, rejeição dos nacionalismos
  • Igualdade racial - foram grandes lutadores contra a segregação racial então vigente
  • Comunitarismo, vida em comunidades "libertárias"
  • Ecologia - pioneiros na promoção dos aspetos ambientais/ Ecologia
  • Liberdade de expressão - democratizaram a forma de vestir através "de uma terapia de choque", com o uso de roupas que estavam nas "antípodas" do vestuário "normal" (em Portugal o casaquinho cinzentinho e a gravatinha azulinha era a  "farda oficial") - calças à boca de sino, roupa larga, colorida (laranja, verde-alface), a minissaia.
  • Igualdade de sexos - os cabelos compridos dos homens eram uma forma de manifestar solidariedade com o sexo feminino (na altura muito, muito "desfavorecido")
  • Solidariedade com as classes "desfavorecidas" - as calças de ganga/ jeans eram até aí calças de trabalho, usadas apenas pelos operários, o seu uso pelos hippies eram uma forma de identificação com os operários

Apesar da repressão ao movimento, em Portugal foram publicados três livros sobre o movimento Hippie:








 
 
Quanto à Internet, para além da Wikipedia, apenas encontramos dois ou três blogues portugueses sobre o movimento Hippie: