As eleições para
as Cortes Gerais, realizadas em Espanha em 26.jun.2016, mudaram ligeiramente a
composição do Congresso de Deputados em relação às eleições de dezembro de
2015. Estas eleições de 26.jun.2016 vieram confirmar as eleições de dezembro,
nomeadamente a alteração do domínio bipartidário que se verificava nas eleições
gerais em Espanha desde o fim da ditadura franquista até 2011:
(2)
Barcelona en Comú + Podem Catalunya + Iniciativa per Catalunya Verds + Esquerra
Unida i Alternativa + Equo
Em termos de mandatos, o quadro é:
A reunião de
constituição do novo Congresso será a 19 de julho de 2016, com o juramento dos
deputados, a formação da Mesa e a eleição do Presidente do Congresso.
Em janeiro
passado, Patxi López (PSOE) foi eleito Presidente do Congresso, embora não
tenha obtido em primeira votação a maioria absoluta, de 176 votos. Os dois mais
votados foram a uma segunda votação, que López venceu com 130 votos (PSOE e
Ciudadanos), contra Carolina Bescansa, com 71 votos (Podemos e UP). O PP
absteve-se nas duas votações, pois, com os seus 123 votos, não conseguiria
vencer o candidato apoiado pelo PSOE e Ciudadanos..
Seguiu-se a formação de grupos parlamentares. No
Congresso dos Deputados, podem formar um grupo parlamentar:
·
um mínimo de 15 deputados;
·
um mínimo de 5 deputados, de uma ou várias formações
políticas que tenham obtido no seu conjunto:
a.
5% dos votos nacionais;
b.
15% dos votos nas circunscrições em que
apresentaram candidatura.
Não podem, no entanto, constituir grupos
parlamentares separados deputados eleitos pelo mesmo partido ou que nas
eleições se apresentaram em coligação.
A
interpretação do Regulamento pela Mesa do Congresso tem sido ao longo dos anos relativamente
flexível, tendo a Mesa em janeiro considerado que tanto ERC como DL podiam formar
grupos parlamentares próprios, atendendo a que no conjunto das circunscrições em
que apresentaram candidatura (Catalunha) conseguiram, respetivamente, 16,0% dos
votos e 9 deputados, e 15,1% dos votos e 8 deputados. Também, no País Basco, o
PNV obteve 24,8% dos votos, pelo que pôde constituir um grupo parlamentar
próprio com os 6 deputados que elegeu.
Formaram-se, assim, os seguintes grupos
parlamentares:
Popular en el Congreso (119 PP)
Socialista (89 PSOE)
Podemos – En Comú – Compromís – En Marea
(47 Podemos + 12 En Comú Podemos + 6 En Marea)
Ciudadanos (40 Ciudadanos)
Esquerra Republicana (9 ERC)
Catalán (7 DL + 1 DC)
Vasco (6 PNV)
os restantes deputados ficando integrados no Grupo Mixto:
2
EH Bildu
4
Compromís
2
UP
1
NC
2
UPN
1 FAC
1 expulso do PP
1 CCa
Agora, a 19
de julho de 2016, a eleição para Presidente do Congresso será um pouco
diferente. O PP, com 137 deputados, ultrapassa o conjunto PSOE e Ciudadanos (85
+ 32), pelo que, previsivelmente, após uma primeira votação sem maioria
absoluta, irão os dois candidatos mais votados a uma segunda votação,
provavelmente os candidatos do PP e PSOE. Se o Podemos não apoiar o candidato
do PSOE, poderá ser eleito por maioria simples o candidato do PP para
Presidente do Congresso.
Em seguida, constituídos
no Congresso os diversos grupos políticos, o Rei consulta os representantes
desses grupos, após o que publica um decreto, referendado pelo Presidente do
Congresso, em que um cidadão é investido como candidato a Presidente do
Governo.
É então
convocado um debate de investidura no Congresso, em que o candidato a
Presidente do Governo apresenta o Programa de Governo e pede uma moção de
confiança ao Congresso dos Deputados.
Na votação da moção (nominal e pública),
-
se se verificar uma maioria absoluta de votos a favor,
-
o candidato é aceite como Presidente do Governo;
-
senão, haverá nova votação 48 horas depois;
-
se se verificar uma maioria absoluta ou simples (mais votos a favor que
contra),
-
o candidato é aceite como Presidente do Governo;
-
senão, o Presidente do Congresso deverá levar ao Rei os resultados obtidos no
Congresso e o Rei poderá propor outro candidato a Presidente do Governo.
Se, passados
60 dias da primeira votação, ainda não tiver sido aprovado um candidato a
Presidente do Governo, as Cortes Gerais são dissolvidas e serão marcadas novas
eleições.
Com
a atual correlação de forças no Congresso, que hipóteses existem?
1.
O PSOE e Podemos poderão formar Governo se:
-
Ciudadanos e ERC se abstiverem ou participarem;
2.
O PP poderá formar Governo, se:
-
PSOE se abstiver;
3.
Haverá eleições em dezembro de 2016, se se não formar Governo até 60 dias
depois da primeira votação de uma moção de confiança a novo Presidente do
Governo.
Carlos Galrão
16.jul.2016
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