Mais uma "patacoada" nacional, salva a tempo pelos nuestros hermanos (e amigos) galegos.
Pois, os prejuízos de exploração - que ninguém tem dúvidas que existam mesmo. Mas se calhar devíamos ir um bocadinho mais longe, perceber as razões profundas, e não tão longínquas assim.
A nossa rede de caminhos de ferro está mesmo pelas horas da amargura, isto é só o princípio, o país vai ficar reduzido a algumas poucas centenas de quilómetros de caminho de ferro, a maioria das capitais de distrito vão deixar de ser servidas pela via férrea. Sim, mas não deixaremos de poder viajar (vertiginosamente) até à aldeia mais recôndita, através dos imensos rios de alcatrão que revestem o país desde os anos 80.
Pois, os verdadeiros responsáveis andam aí e têm nome - foram (e são) os arautos do "bom aluno" europeu, os ideólogos do capitalismo popular teatcheriano dos anos 80 - no mínimo um carro para cada cidadão -, os missionários da cultura elitista e novo-riquista do "povo que anda de transportes públicos cheira mal", os patos-bravos do alcatrão (de vários quadrantes políticos).
Pois, atingimos mais umas boa posição na pacovice do "Guiness": país europeu que menos usa transportes públicos para ir para o trabalho; parque automóvel dos mais vastos e recentes; óptima performance no aumento de consumo de combustíveis; ah valentes!
Nos anos 70 viajava-se de comboio, não só para ir para o trabalho, mas também no lazer. A minha primeira grande "viagem a Portugal" foi feita de comboio; existia uma espécie de inter-rail nacional, era o "livrete quilométrico", constituído por 1.800 km de senhas compradas previamente, que eram trocadas por bilhetes nas estações da CP (confesso que não sei se existe ainda alguma coisa semelhante).
Em Setembro de 1973 esses 1.800 km permitiram-me ir a Aveiro, Porto, Viana do Castelo, Braga, Régua, Lamego, Viseu, Guarda, Covilhã, Castelo Branco e, depois de 2 ou 3 dias em casa, a Lagos e Portimão; ainda devem ter sobrado uns quilómetros.
Na linha de Vigo ao Porto, viajámos a primeira vez em Agosto de 1979, com a mochila às costas a partir de Viana do Castelo (onde tinhamos assistido às Festas da Sra. da Agonia) e com destino às Ilhas Ceas. Essa viagem foi muito bem acompanhada pelo Sérgio Godinho, que em 1972 cantava assim:
A notícia do "Público (http://www.publico.pt/Local/comboios-portovigo-vao-manterse_1501974):
A CP vai manter o serviço internacional Porto-Vigo, cuja supressão estava anunciada para este domingo, depois de a sua congénere Renfe ter aceitado pagar os custos da circulação das automotoras portuguesas no troço espanhol.
A supressão do serviço internacional estava anunciada para este domingo.
A transportadora portuguesa voltou, assim, atrás na decisão de suprimir as ligações directas entre o Porto e Vigo, que davam um prejuízo anual de 232 mil euros, mantendo apenas o serviço regional entre Campanhã e Valença.
Perante o movimento de protesto que se gerou na opinião pública do Norte de Portugal e da Galiza, com inúmeros autarcas de ambos os lados da fronteira a protestarem contra esta decisão, a CP admitia ontem prolongar o serviço até à fronteira espanhola de Tui, desafiando a Renfe a continuar o serviço até Vigo com os seus próprios comboios, ou a pagar à operadora portuguesa para ser esta a fazê-lo com o seu material circulante.
Hoje de manhã houve acordo e as duas ligações directas de ida e volta entre o Porto e Vigo vão manter-se, com automotoras portuguesas, aceitando a Renfe pagar a totalidade dos custos de exploração entre a fronteira e Vigo.
A inauguração do serviço internacional Porto-Vigo data de 1913, tendo chegado a haver comboios directos do Porto para Santiago de Compostela e a Corunha.
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