terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ó Vila de Olhão...

Olhão é uma simpática cidade (recente ex-vila) dos Algarves, conhecida essencialmente pela sua arquitectura popular “cubista”, mas também por outras boas razões – o porto piscatório, as ilhas, a história, essencialmente no período da Restauração.


José Afonso considerou Olhão sua terra adoptiva e cantou-a em 1964 no EP “Cantares de José Afonso”, do qual foi extraído também no mesmo ano o Single “Ó Vila de Olhão” (http://flyonmusic.wordpress.com/eps-singles-zeca-afonso/); a capa deste Single é uma pintura de Maluda.


(1964) José Afonso – Ó Vila De Olhão (Single)



(1964) José Afonso – Cantares de José Afonso (EP)



A letra de "Ó Vila de Olhão":



Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha do povo
Madrasta é que não
Com papas e bolos
Engana o burlão
Os que de lá são
E os que pra lá vão
E os que pra lá vão
E os que pra lá vão

Ó flor da trapeira
Ó rosa em botão
Tuas cantaneiras
Bem bonitas são

Larga ó pescador
O que tens na mão
Que o peixe que levas
É do teu patrão
É do teu patrão
É do teu patrão

Limpa o teu suor
No camisolão
Que o peixe que levas
É do cais de Olhão

Vem o mandarim
Vem o capitão
Paga o pagador
Não paga o ladrão
Não paga o ladrão
Não paga o ladrão

Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha do povo
Madrasta é que não

Quem te pôs assim
Mar feito num cão
Foi o tubarão
Foi o tubarão
Foi o tubarão

Mulher empregada
Diz o povo vão
Que aquela empreitada
Não dá nada não

Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha da povo
Madrasta é que não
Madrasta é que não
Madrasta é que não

Ó pata descalça
Deixa-me da mão
Que os da tua raça
Já não pedem pão

Passa mais um dia
Todos lembrarão
Passa mais de um ano
Já não pedem pão

Ó vila de Olhão
Da Restauração
Madrinha do povo
Madrasta é que não
_____________________________

Letra e música de Zeca Afonso
(1964)

A canção:


http://www.youtube.com/watch?v=nfUPDxW4Ao8&feature=feedf

O "verso do verso" (http://www.aja.pt/?page_id=3263):

Fiz muitas viagens a Olhão, minha terra adoptiva. A meio do caminho da Fuzeta, entre Olhão e Marim, a vila vai-se adelgaçando, a viagem toma-se mais rápida e ruidosa, devido ao vento que entra pelas janelas. Pode-se berrar sem que ninguém nos ouça. Foi assim que nasceu esta crónica rimada. Servida pela cadência mecânica do “pouca¬terra”, versa um tema alusivo às vicissitudes por que passa o mexilhão quando o mar bate na rocha. A culpa não é do mar. José Afonso

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